Difíceis são algumas noites de sábado. Quando você adormece e a noite vem trazendo o silêncio da falta. A falta dos momentos em que eu e seu pai dançávamos. A falta do cheiro da comida que ele preparava. Difícil é não ficar horas falando sobre as bobagens que na verdade são as coisas mais importantes da vida. Ele sentado no computador, pesquisando na internet sobre alguma viagem de barco, e me chamando com voz doce:
— Amor?
— Oi, amor.
— Você é o meu amor.
E eu corria para apertá-lo, abraçá-lo, o beijo no meio da risada. E a brincadeira se repetia por mais algumas vezes. A gente rindo do amor, rindo da alegria. A alegria de não ter hora, a leveza de não ter medidas, a liberdade de ser e sentir. A sorte de encontrar alguém com quem se sentir tão à vontade.
Difícil é não ter saudade desse nada pra fazer dos sábados a dois.
Você vai crescer, vai ficar adulto, vai aprender que deve ser um homem sério. Mas um dia vai descobrir de novo que as melhores coisas da vida não servem para nada. Que o melhor da vida é contar estrelas, histórias, piadas. Que a inutilidade é mesmo uma delícia.
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18 comentários:
Cris,eu sei o que vc tá falando.As coisas mais simples são as mais preciosas.Ficar em silêncio,de mãos dadas,sem fazer nada em especial.Momentos que só um olhar já diz tudo.
Que bom que vc escreveu hoje!Pensei muito em vocês,
nesse carnaval chuvoso aqui no Rio.Já estava com saudade!
Bjs,
Adriana.
...
Poucos são os que sabem ficar juntos fazendo "nada". Quanta coisa boa o Cisco herdou do pai, não? Bjos, Ju
Olá Cris
Toda vez que leio seu blog, só me vem essa música na cabeça.
Então, fica aqui o meu presente para você e seu filho.
Marisa Monte - O Rio
Seu Jorge, Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes, Marisa Monte
Ouve o barulho do rio, meu filho
Deixa esse som te embalar
As folhas que caem no rio, meu filho
Terminam nas águas do mar
Quando amanhã por acaso faltar
Uma alegria no seu coração
Lembra do som dessas águas de lá
Faz desse rio a sua oração
Lembra, meu filho, passou, passará
Essa certeza, a ciência nos dá
Que vai chover quando o sol se cansar
Para que flores não faltem jamais.
Beijos
Alê
Você não vai acreditar, Alê. Quando eu ouvi essa música pela primeira vez eu tava grávida e escolhi essa música pra ser minha canção de ninar para o Francisco. Ela sempre me emocionou muito e eu a cantarolei durante toda a gravidez para o Cisco. Mas depois que o Gui morreu, a música passou a ter um tom muito triste e eu não conseguia cantá-la, pois tinha vontade de chorar. Agora estou fazendo as pazes com ela. Linda essa coincidência, né? Obrigada pelo carinho e pela sensibilidade.
Um beijo.
Daqui a algum tempo, quando o Francisco interagir ainda mais, essa troca que você tinha com o Gui passará para o Baby. O amor vai ser diferente, mas será igualmente bom. As risadas, idem! Beijos, Cristiana.
Ola Cris ( desculpe a intimidade )
Sempre leio seu blog anonimamente, já tiha tido vontade de comentar antes, ,mas hoje resolvi, vi sua história numa revista de consultório e chorei, contei p meu esposo e sempre me emociono quando penso em vc e no seu filho, eu tinha uma linda relação com minha avó e senti q vc tbm, não sei bem o q falar, só q admiro vc sem nem te conhecer e torço p vc ser feliz com seu filhote, boa sorte. Bjos Danielle Sindeaux
Moça, que força, que beleza.
achei seu blog ao acaso e o li inteiro, numa sentada.
E depois de ter lido teu blog, perdi meu namorado, não por ele ter morrido, mas por ele ter pedido pra terminar. e eu achei isso tão pequeno diante de tudo que vc passou que eu não me dei o direito de reclamar. Você que tinha todos os motivos do mundo pra ficar puta com a vida ainda tem esse bom senso, esse bom humor, esse cuidado com vc. Eu não tenho o direito de chorar pq uma pessoa não quer ficar cmg, mesmo tendo sido meu espelho por 5 anos.
Eu estou fascinada pela tua força, garra, vc existe mesmo???
você ganhou uma super fã desses lados da Bahia.
Parabéns pela força, pode chorar vezemquando, pq vc pode e merece.
Você tá totalmente certa. As melhores coisas da vida são as mais simples... Um cheiro, um carinho, uma palavra fofa e querida... Isso me faz lembrar como às vezes não aproveitamos a vida, fazendo coisas que parecem mais importantes para o resto do mundo. Ainda bem que você vai poder lembrar ao Francisco de como momentos simples podem ser importantes.
Conheci seu blog pelas páginas de uma revista feminina. Nunca lia revistas femininas. Nunca lia blogs.
O fato é que, desde então, leio sempre esse seu espaço. E tive até vontade de criar um pra mim.
Estou encantada com a sua alma. Ler essas linhas é reconfortante, aconchegante. É uma descoberta que acalenta.
Tantas coisas, nem sei dizer.
Seu filho também será orgulhoso de você :)
Um beijo.
Morgana.
Pensei uma coisa agora ao mostrar seu blog para uma amiga...
Sua lucidez é emocionante.
Querida, acho que o livro urge...suas palavras são encadeamentos de sentimentos doces e encorajadores para qulaquer pessoa! As melhores coisas da vida não servem para nada mesmo...só para nos alegrar e dar vida!O que é inútil é bonito.. e nesse discurso capitalista perverso tudo tem que servir para algo. Viva a inutilidade de contar estrelas, histórias e escrever. Não temos que produzir o tempo todo, máquinas pulsantes! A única coisa que deve pulsar é o coração e a vida que ainda nos resta!Linda, linda, linda...O Cisco é feliz com uma mãe assim!
Cris,
Fiquei aqui pensando nisso tudo que você escreveu....
Deus foi grandioso em sua vida, pois lhe concedeu a oportunidade de amar, ser amada, ter consciência de tudo isso e ainda lhe deu o maior presente que uma mulher pode ter nessa vida: o belíssimo Cisco.
Falando dele, estamos aguardando mais fotos... Adoramos o ensaio!!!
Você, pequena grande mulher, realmente merece ser feliz...
Beijos
"Difícil é não ficar horas falando sobre as bobagens que na verdade são as coisas mais importantes da vida"
Cris, essa frase que você escreveu me fez lembrar de canções de ninar, e outra colega nossa, leitora do blog, postou exatamente sobre isso... Um dos momentos que de maior intimidade entre duas pessoas, sejam elas um casal ou pais e filhos, para mim, são aqueles momentos que antecedem a hora de dormir, a hora de se desligar desse mundo real, e entrar no mundo do imaginário, dos sonhos.
E ali, todas as nossas bobagens do dia a dia acabam por ser as nossas verdades...
Lembrei que outro dia você postou que Cisco, na sua vontade própria, também estava balbuciando algo como "nananene"... Que lindo!
beijos, Kika
Ei, Cris! É incrível como vc consegue colocar em palavras tanta coisa que eu sinto. Esses dias eu estava com meu amor, num desses momentos... falávamos besteiras e dávamos risadas. Uma hora olhei para ele e disse: será que quando tivermos 40 anos ainda vamos fazer essas coisas de criança? Tomara que sim, né?
Um beijo grande nocê e no Cisco (impossível de tão fofo).
Boa Tarde! Li sua história na Criativa e lá vc contou um pouco da minha tb. Meu namorado morreu há 3 meses e muito do q vc escreveu eu poderia reescrever agora.Um amor enorme,coisas simples, o medo de q ele morresse, encontrá-lo morto... tantas coisas. A única diferença é q o filho era nosso plano prá esse ano de 2008 e infelizmente não deu tempo.Fico feliz por vc e pelo fruto do amor de vcs. Um forte abraço!
É reconfortante ler seu blog! Me dá força, coragem... como tantas outras pessoas, "conheci vc" numa revista feminina... não perdi ninguém fisicamente... mas a sensação q tenho é q o pai do meu tão amado filho, vivemos juntos, está se separando de mim. Sinto falta do prazer de nada fazer. sinto falta desse amor que faz viver! MAs estou bem, feliz com meu filhote...
Meu poeta preferido diz:
"Nasci para administrar o à-toa
o em vão, o inútil." Manoel de Barros
beijo
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