sábado, 9 de maio de 2009

Sobre o que somos e o que parecemos ser.

Um anônimo comentou no post anterior:

Cris, acho que você mudou muito. Te acompanho desde o começo do blog. Me desculpa ser tão franca, mas acho q você ficou muito metida depois que ficou tão conhecida. Parece que você quer só aparecer e nem posta mais no Para Francisco, e quando posta, as mensagens nem nos comovem tanto quanto antes.


Acho importante responder aqui:


Anônima,

Obrigada por sua tentativa de franqueza, mas acho que você teria sido de fato franca se assinasse o seu comentário. Ainda assim, também francamente, convido você a algumas reflexões.

Você tem razão, eu mudei muito. Ainda bem. Imagine se eu tivesse ficado presa na perda de dois anos atrás.

Diante de uma dor que eu pensei que fosse me consumir por anos a fio, tentei encontrar caminhos. Meus blogs foram alguns deles. Nasceram naturalmente e foram muito importantes para que eu elaborasse o meu luto e pudesse seguir em frente.

A repercussão de tudo isso me surpreendeu muito. E me alegrou, sim. Tudo isso foi fundamental para que eu encontrasse novos caminhos pra ser feliz.

E a minha escrita, que não mais comove você, provavelmente não o faz por não ter mais a tristeza como essência.

Continuo escrevendo, não para ter leitores, mas para exercitar uma possível escritora que existe em mim. Se esse caminho me levará a outro livro, a uma nova forma de escrever, não sei. Mas tenho uma certeza: a de que passou o tempo de escrever só sobre a perda. Porque passou mesmo. Não teria sentido ficar dois anos escrevendo sobre um sentimento que eu consegui deixar para trás, apenas com o intuito de comover pessoas.

Ainda assim, acredito que muito do que escrevo aqui hoje ainda é capaz de comover. Mas não estou comprometida com esse efeito. Escrevo sincera e francamente, e apenas quando me vem a necessidade de expressar. Com essa autenticidade, sim, eu me comprometo.

Se você ler o meu blog do início ao fim, vai perceber claramente um caminho. E esse caminho muito me orgulha. Consegui, com a ajuda dos meus amigos, da minha família, do meu filho, da minha escrita e dos seus leitores, vencer o sofrimento da perda e me desvencilhar da teia que me enredou. Consegui amar de novo, sonhar de novo, desenhar novas perspectivas e me alegrar com elas.

Talvez você enxergue essa cabeça erguida como convencimento ou pretensão. Compreendo. É irresistível julgar os outros, principalmente quando nunca estivemos no lugar deles. É provável que eu também tenha feito um julgamento ao ler o seu comentário. E talvez, no seu lugar, assistindo a essa mudança, eu tivesse a mesma impressão sobre quem escreve este blog.

Ao longo desse tempo, infelizmente, percebi que muitas pessoas que estavam à minha volta nos dias seguintes à morte do Gui se afastaram de mim quando tudo entrou nos eixos. Até mesmo algumas pessoas próximas parecem não ter dado conta. Acho que incomodei e continuo incomodando porque troquei a tristeza por uma alegria exuberante ao ver como a vida pode nos dar coisas lindas depois de nos tirar outras tantas.

Entendi há pouco o sentido da frase que diz que "o mineiro só é solidário no câncer". As pessoas têm mais dificuldade de nos ver alegres, em evidência, chamando atenção. Não estão tão preparadas para isso quanto estão para nos ajudar no meio da tragédia.

Esse aprendizado foi o mais duro. Entender que, ao contrário do que sempre pensamos, é nos momentos felizes que sabemos quais são os nossos verdadeiros amigos: aqueles que, além de ajudar, se contentam ainda mais com a nossa felicidade e continuam perto de nós, independente do nosso estado de espírito.

Se você conviver comigo (sabe-se lá se já não convive), saberá que aparecer não é o meu objetivo, como também não quero e nem preciso me esconder. Saberá também que tenho satisfação em falar das coisas boas que esse período produziu, dos caminhos que a vida mostrou de forma tão surpreendente, e principalmente do que aprendi com tudo isso. Saberá que uma das minhas principais satisfações é poder passar esse aprendizado pra frente.

Dizem que sabedoria é aprender com a experiência dos outros. Eu raramente consigo. Mas posso dizer que consegui aprender muito com essa minha experiência de dor e alegria, assim como aprendo com o seu comentário.

Talvez a minha escrita não a emocione mais porque estou feliz e serena. Talvez você se incomode com o fato de eu não postar com a antiga frequência – porque realmente não tenho mais a necessidade de escrever que existia antes. E porque você provavelmente faz parte do grupo que odeia me ver posando no meu blog de moda, preferindo a tragédia poética do blog que escrevo para meu filho.

Eu não. Ao olhar para trás e ver tudo o que passei, tudo o que ganhei, todo o caminho que percorri, o livro que escrevi, sorrio, sim. Mas também me comovo e acho tudo isso muito bonito. E sei que sou pequena diante da força do que tinha que acontecer.

Se você soubesse o verdadeiro significado que isso tudo tem para mim, talvez tivesse outra opinião. De qualquer forma, agradeço a sua coragem de falar o que muitos devem pensar, mas não dizem. Agradeço também pela delicadeza (de verdade) com que postou sua crítica. E desejo a você tudo de bom nessa vida, de coração.

Cris.

sábado, 2 de maio de 2009

Café com alegria.

Depois de dar uma entrevista para o Sebah e ver publicada uma bela matéria no jornal Letras, do Café com Letras, tive a alegria de encontrar por o Para Francisco, à venda e em destaque. Para quem quer saber onde encontrar o livro, recomendo com gosto: é um lugar gostoso onde você pode ouvir boa música, comer bem e encontrar pessoas interessantes. O Café com Letras fica na Rua Antônio de Albuquerque, 781, na Savassi, em Belo Horizonte. O telefone é (31) 3225 9973. Ao visitar BH, não deixe de passar por lá.