sexta-feira, 29 de abril de 2011
Para Francisco, para você.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
sábado, 23 de abril de 2011
Sobre o que ainda vão soprar no seu ouvido.
Ficção, é o que muitos vão dizer sobre tudo o que lhe contei.
As cartas que lhe escrevi chegaram a muitos lugares, filho. Atingiram longas distâncias, mas também ficaram por perto, rodeando muitos que não leram, mas imaginam delas o conteúdo.
Alguns deles são os mesmos que me acudiram na hora da dor. Minhas cartas, não sei por quê, alfinetam corações possessivos que conviviam com seu pai, como se lhes ferissem o orgulho de saber histórias que eu não sei.
Gente que quer ter o seu pai para si, ainda que morto. Como se houvesse jeito de ter alguém nessa vida.
Dessas pessoas, sempre vai existir uma ou outra apostando se a nossa vida juntos seria ou não para sempre. Como se falar de um amor fosse proibido porque ele não foi para sempre.
(É divertido apostar em desfechos para a vida dos outros, filho. E isso você, humano que é, vai descobrir um dia.)
Pois eu digo com certeza: não seria para sempre. Porque não foi.
A intensidade incomoda, filho. As palavras rasgadas e abertas talvez machuquem os que não tiveram a coragem delas. E a reação é lançar um alfinete de volta.
Minha história com o seu pai, a nossa história, só nós dois sabíamos. Mas, porque escrevi, agora milhares de pessoas sabem também. E como isso dói para tantas outras. Talvez pela verdade e força contida no que escrevi.
Minha história com seu pai teve idas e vindas. Espectadores vorazes adoram as idas, mas ignoram as vindas. E foi depois de uma volta alegre e em paz que a história teve fim. Um fim desenhado pela firme e suave mão do Autor, e não por seus personagens.
Chegam aos meus ouvidos, endereçadas ou não, frases soltas que sugerem que eu tenha dito apenas coisas boas sobre ele, o seu pai. Como se dele não conhecesse os deslizes. Talvez seja verdade, filho. Preferi focar no que ele tinha e demonstrou de bom. Não porque não tenham havido as coisas ruins.
Prefiro deixá-las a cargo daqueles que vivem de apostas, como numa corrida de cavalos, torcendo para que se realize o seu palpite – com uma secreta predileção pela queda ao longo do caminho.
Sei do que vivi, eu e seu pai. A gente sabe olhares e vozes porque os sente. Mora na sutileza a genuína fidelidade. Mas saber do outro e de nós não é saber do outro os seus segredos – nem o seu pai sabia os meus.
Essa gente que espalha palavras ao vento tem a pretensão de me julgar ingênua, quase pueril. Pois eu lhe digo que é deles a ingenuidade de me enxergar assim. Em meu amor por seu pai coube também uma reconstrução. De um homem esvaziado de amor, procurando em pequenos gestos e atos o seu próprio valor. Sei dele tanto, filho. Não me chegam novidades aos ouvidos. Sei de suas fraquezas e pecados, conheço fatos que o fizeram ser alguém melhor a cada dia. Mas calculo também seus percalços e delitos, porque eu também os cometi. Erra-se muito em busca de um amor feliz. E fica ainda mais difícil quando no meio do caminho nos perdemos do amor por nós mesmos.
Isso aconteceu a seu pai, filho. E eu me sinto muito responsável por ajudá-lo a se olhar melhor no espelho. Embora também, no meio do caminho, ele também tenha se valido de outros olhos, pois isso é sempre necessário.
Humanos que somos. Amantes que somos.
Será que ele teria ficado comigo para sempre? Não, eles gostam de dizer. Será que eu teria ficado com ele para sempre? – esquecem de perguntar.
E o que é para sempre?
Quando um casal tem um filho, nascem junto com o bebê duas novas pessoas – e elas se olham de novo, numa espécie de re-conhecimento. Penso que ele seria um bom pai. Acho que ele se apaixonaria pela mãe que sou. Ficou essa pergunta que, hoje, é mera curiosidade.
Assim como nos acompanha, acomodada, uma dor por você e seu pai não terem se conhecido. Pai e filho, sim, devem ter um ao outro para sempre.
Éramos dois, depois nos tornamos quase três e, por um tropeço no caminho, nos tornamos dois novamente – só que agora somos eu e você. Mas fomos, os três, feitos do mesmo amor. Que, independente de qualquer desfecho, vai estar sempre vivo em você.
Na vida é preciso saber fechar os olhos, a boca e também os ouvidos.
Humanos que somos, um dia já fomos ou seremos capazes de espalhar ao vento, por falta do que fazer, um boato ou outro de alguma história alheia. Até porque não é a nossa.
Humanos que somos. Amantes que somos.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
Zoo-francisquice.
sábado, 16 de abril de 2011
Francisquice atrai francisquice.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Francisquice esperta.
– Não, Francisco. Você já tá grande e sua avó tá cansada.
– Mas não sou eu que tô pedindo, Vovó. São minhas pernas.