sexta-feira, 20 de março de 2009
Boa sorte!
A Darlana também tá sorteando o livro para Francisco. Vai lá pra ver como faz pra tentar ganhar o seu. Enquanto isso, assista aqui ao trailer do livro.
quinta-feira, 19 de março de 2009
De como eu me perdi da minha velhice.
Você vai fazer dois anos.
E eu não quero voltar no tempo, filho. O meu olhar é para frente porque ali está você. O meu olhar é para mim, porque eu me vejo em você e cresço de novo. Aprendo com a sensação de quem ensina.
Eu agora observo ônibus nas ruas. Se são azuis, verdes ou vermelhos. Se são amarelos, grandes ou pequenos. E me permito definir coisas primárias. Aquele é um caminhão branco, aquele é um ventilador, aquele não, é um lustre. A estrela brilha, a formiga anda, o gatinho mia e, ouve só, é um helicóptero voando. O avião também voa. E o bem-te-vi, que lindo. O mico, não. Vive lá no alto, mas desce pra comer banana da sua mão.
Parece que eu nunca tinha pensado nessas coisas. A borboleta também não se lembra que já foi lagarta. E voa.
Diante do sentido primeiro das coisas, daquele de que me perdi, conto histórias de objetos e já não temo suas razões cruas, seus sem sentidos e despoesias. Todo dia saio procurando para você um mundo com mais significado. E encontro.
O seu olhar não é de estranhamento. Por que o meu deveria ser? O seu olhar é de encantamento e acende o meu.
Luzinha é sempre de Natal. Não ouso discordar: que a vida seja Natal.
Sua fala é nota musical, gosto, re-pe-ti-ção. E em mim vou desenterrando histórias, artimanhas, saídas engraçadas. Invento, se for preciso. O tigre que come verduras, o leão que é educado, os amiguinhos inanimados que têm cada um o seu nome e, todos, merecem beijos e abraços de carinho. Principalmente os que têm pelos.
Não é mais o trânsito. São os ônibus vermelhos, amarelos, verdes, azuis. São as árvores, a estrela, o anjo, a lua, a florzinha, o ventilador, a nuvem, o menino. É o trânsito e o céu. O em volta, ao lado, todo. Não é mais repetição: é descoberta.
Às vezes me perco nas não-escolhas e me agarro a elas, atrasando o seu passo. Você volta e me pega pela mão. E no caminho tudo volta a ser novo.
A cada manhã você des-cobre os meus olhos. Tira deles o que me embaçava a vista e coloca no meu colo, mais uma vez, uma paisagem fresca.
Você vai completar dois anos, filho. E eu me sinto com muitos anos a menos.
E eu não quero voltar no tempo, filho. O meu olhar é para frente porque ali está você. O meu olhar é para mim, porque eu me vejo em você e cresço de novo. Aprendo com a sensação de quem ensina.
Eu agora observo ônibus nas ruas. Se são azuis, verdes ou vermelhos. Se são amarelos, grandes ou pequenos. E me permito definir coisas primárias. Aquele é um caminhão branco, aquele é um ventilador, aquele não, é um lustre. A estrela brilha, a formiga anda, o gatinho mia e, ouve só, é um helicóptero voando. O avião também voa. E o bem-te-vi, que lindo. O mico, não. Vive lá no alto, mas desce pra comer banana da sua mão.
Parece que eu nunca tinha pensado nessas coisas. A borboleta também não se lembra que já foi lagarta. E voa.
Diante do sentido primeiro das coisas, daquele de que me perdi, conto histórias de objetos e já não temo suas razões cruas, seus sem sentidos e despoesias. Todo dia saio procurando para você um mundo com mais significado. E encontro.
O seu olhar não é de estranhamento. Por que o meu deveria ser? O seu olhar é de encantamento e acende o meu.
Luzinha é sempre de Natal. Não ouso discordar: que a vida seja Natal.
Sua fala é nota musical, gosto, re-pe-ti-ção. E em mim vou desenterrando histórias, artimanhas, saídas engraçadas. Invento, se for preciso. O tigre que come verduras, o leão que é educado, os amiguinhos inanimados que têm cada um o seu nome e, todos, merecem beijos e abraços de carinho. Principalmente os que têm pelos.
Não é mais o trânsito. São os ônibus vermelhos, amarelos, verdes, azuis. São as árvores, a estrela, o anjo, a lua, a florzinha, o ventilador, a nuvem, o menino. É o trânsito e o céu. O em volta, ao lado, todo. Não é mais repetição: é descoberta.
Às vezes me perco nas não-escolhas e me agarro a elas, atrasando o seu passo. Você volta e me pega pela mão. E no caminho tudo volta a ser novo.
A cada manhã você des-cobre os meus olhos. Tira deles o que me embaçava a vista e coloca no meu colo, mais uma vez, uma paisagem fresca.
Você vai completar dois anos, filho. E eu me sinto com muitos anos a menos.
segunda-feira, 16 de março de 2009
domingo, 15 de março de 2009
Muito bem.
Fim de domingo, o cansaço de sempre e você sozinho no quarto, assistindo ao dvd do Palavra Cantada – prestes a dormir, chupeta e fralda em punho. Da sala, ouço a música terminando e o público aplaudindo. Eis que você também bate palmas. E ao final ainda diz: "Mointo bem!" Gostosura. Tem que ter um talento e tanto pra insistir em não ser feliz.
sexta-feira, 6 de março de 2009
Mais uma chance de ganhar o livro.
As meninas da Casa dos Brechós estão com uma promoção onde você pode ganhar o livro para Francisco. Que alegria! Vai lá. Vai que você dá a sorte de ser o número 100.000. Meninas, muito obrigada.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Para as mulheres. Para os homens. Para pensar.
Criado por mim e pelo Daniel de Jesus na Lápis Raro, em 2008, especialmente para o Dia Internacional da Mulher. Nunca é demais repetir.
P.S. Fique à vontade para postar este vídeo no seu site.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
O barco e a bicicleta.
Há poucos dias me veio à lembrança a cena em que eu e seu pai chegamos à Ilha Grande, em dezembro de 2006, num barco de pescadores. Para pisar no continente era preciso atravessar, passando por outro barco. E eu me lembro do seu pai preocupado em me ajudar com a barriga de seis meses. Como quem coloca um adesivo de "frágil" numa caixa delicada, ele berrava para que os homens que nos ofereciam as mãos soubessem que ali não havia apenas uma pessoa, mas duas delas.
Eu carregava em mim a fortuna do seu pai.
Penso no significado disso tudo. E só hoje percebo que naquele tempo eu me permiti ser frágil. Naquele único período, talvez em toda a vida, incluindo os momentos de pequena, em que os sofrimentos pareciam tão maiores.
A gravidez nos deixa fortes, sim, mas os meus primeiros sete meses foram aqueles em que, curiosamente, eu pude me entregar ao colo do seu pai sem culpa, numa espécie de férias do remo.
Mas veio a tempestade, o barco quase virou e eu voltei a remar, filho. E mesmo que o sol de novo brilhe e o mar pareça calmo, confesso que em alguns momentos eu quero perguntar se falta muito – mas não tenho para quem fazer a pergunta. Aí olho pra você, meu companheirinho de viagem, e esqueço todos os perigos. Simplesmente estico o corpo no barco e me entrego ao sol batendo no rosto, sem pressa de chegar.
Acho que é da gente essa vontade de ter um porto, um porto pra descansar. Sei que sou capaz de continuar nadando por muito tempo e acho que já me acostumei com isso. Mas saber que existe um porto ameniza a viagem.
Como quando a gente é criança e pela primeira vez vai se equilibrar na bicicleta sem as rodinhas de trás. Um dia eu vou fazer com você o que fizeram comigo, e isso vai ser muito amoroso: vou tirar as rodinhas de trás sem que você perceba. Quando você menos esperar, estará equilibrado na bicicleta, sozinho, sem notar que nunca precisou de fato das rodinhas de trás. Elas estavam ali apenas para que você soubesse, apenas para que você fizesse da serenidade um ponto de partida.
Melhor seguir em frente sem pensar na ausência das rodinhas. Melhor não pensar nisso nunca.
Eu carregava em mim a fortuna do seu pai.
Penso no significado disso tudo. E só hoje percebo que naquele tempo eu me permiti ser frágil. Naquele único período, talvez em toda a vida, incluindo os momentos de pequena, em que os sofrimentos pareciam tão maiores.
A gravidez nos deixa fortes, sim, mas os meus primeiros sete meses foram aqueles em que, curiosamente, eu pude me entregar ao colo do seu pai sem culpa, numa espécie de férias do remo.
Mas veio a tempestade, o barco quase virou e eu voltei a remar, filho. E mesmo que o sol de novo brilhe e o mar pareça calmo, confesso que em alguns momentos eu quero perguntar se falta muito – mas não tenho para quem fazer a pergunta. Aí olho pra você, meu companheirinho de viagem, e esqueço todos os perigos. Simplesmente estico o corpo no barco e me entrego ao sol batendo no rosto, sem pressa de chegar.
Acho que é da gente essa vontade de ter um porto, um porto pra descansar. Sei que sou capaz de continuar nadando por muito tempo e acho que já me acostumei com isso. Mas saber que existe um porto ameniza a viagem.
Como quando a gente é criança e pela primeira vez vai se equilibrar na bicicleta sem as rodinhas de trás. Um dia eu vou fazer com você o que fizeram comigo, e isso vai ser muito amoroso: vou tirar as rodinhas de trás sem que você perceba. Quando você menos esperar, estará equilibrado na bicicleta, sozinho, sem notar que nunca precisou de fato das rodinhas de trás. Elas estavam ali apenas para que você soubesse, apenas para que você fizesse da serenidade um ponto de partida.
Melhor seguir em frente sem pensar na ausência das rodinhas. Melhor não pensar nisso nunca.
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